Não sei o que é mais fácil testemunhar: sobre ser pai adotivo ou ser um filho adotivo. Essas duas experiências são as que vivo atualmente. São experiências recheadas de fatos na história, cheias de emoção, dor e bem-estar, lutas e vitórias, alegrias e tristezas. Das duas, tenho uma experiência que supera todas elas: a da perda de 2 filhos, a qual também vivo com os abalos emocionais cotidianos. Compartilho minhas experiências enquanto filho que fora recebido por um casal que sonhava o projeto de ser pai e mãe. Foi quando, um dia, Deus promoveu o encontro deles comigo. Fui acolhido com quatro anos após viver por um ano e meio em um abrigo. Tão logo minha mãe engravidou e o casal fora agraciado com dois filhos no mesmo ano. Hoje, ao olhar para trás, digo que tive muitas dificuldades em se ‘encaixar’ nos modos e costumes. A corrida por uma postura dentro e fora de casa, o ensino do manuseio de um simples garfo e outras coisas triviais e complexas consumiram tempo e disposição daqueles que estavam procurando, de alguma forma, me inserir o mais rápido possível num ‘mundo’ melhor. As diferenças entre os filhos foram aparecendo. A afinidade dos pais para cada um aflorou. O amor dos pais aos dois continuou o mesmo, ainda que há alguns anos atrás, ainda não tinha esta convicção, pois tinha uma ‘certeza’ que meu irmão era o ‘mais’ querido e preferido, principalmente da minha mãe. Falando em mãe, tivemos muitos reveses. A incompatibilidade de gênios, popularmente falando, ajudou a nos distanciarmos cada vez mais, onde foi que eu me aproximei mais do pai e a mãe no filho mais novo. Foram conversas e conversas, discussões infindáveis, parentes e amigos que se empenharam nesta construção. O casal era novo e não teve uma assessoria que pudesse orientá-lo neste processo de adoção de uma criança. Aprenderam a me conduzir com força e coragem, confiantes de que tudo que fizessem era para o meu bem querer, sem medir esforços. Ser filho adotivo é uma graça divina e uma bênção para ambas as partes, pois: proporcionou alegria à nova família; viabilizou um novo caminho de vida; promoveu o amor, carinho e dedicação; imprimiu em meu coração o desejo de experimentar o outro lado, adotando uma filha linda; e acima de tudo, tanto meus pais quanto eu atribuímos tudo isso a um só Deus, o qual só Ele poderia realizar esse encontro. Meu nome é Raniére, 44 anos, pastor presbiteriano, casado com Márcia, pai de Heloise, Pedro e Gabriel. Júlia e Davi também, mas já moram com Deus Pai